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JORNAL ARTIS Nº 01 - PÁGINA 05



O estilo easy rider já denuncia de cara a que o ilustrador Alexandre Machado veio. Como todo desenhista que se preze começou sua carreira influenciado pelas histórias em quadrinhos. Com um pé fincado no underground suas influências vão de Angeli a. Ed Roth, um dos ícones da Kustom Kulture (movimento criado nos EUA, nos anos 60, que transforma veículos em fantásticas obras de arte underground).

O gaúcho de 34 anos, nascido em São Sepé e radicado em Santa Cruz abastece seu tanque com o mais puro nanquim da arte Lowbrow e bebe nas explosivas e expressivas fontes da contra-cutlura; sempre com o bom e velho heavy metal como trilha sonora. Com seu traço marcante, daqueles que nos remetem as melhores capas dos discos do Motorheäd, essa fera segue seu caminho deixando suas marcas no papel, nas estradas e no nosso imaginário.

Entrevista

O que falta em Santa Cruz para os desenhistas?

Analisando por quem vem de fora, como eu, talvez falte uma galeria voltada para o público underground, mas acho que também falta público para trabalhos que fogem do “normal”, pois quem tem dinheiro para comprar geralmente compra o kitsch, o quadro feito com ferro retorcido e massa acrílica, e que pode ser encontrado na maioria das lojas de “decoração”.

É possível viver de arte?

No interior do estado e fazendo arte underground é impossível. A não ser que tenha contatos pela internet (e que o trabalho seja muito bom ou bem mais do que muito bom) além de outros fatores que não podemos controlar, como estar na hora certo no lugar certo, com as pessoas certas... também conhecido como sorte.


Como você cria os teus trabalhos? Qual tua inspiração? Precisa de um canto sossegado?
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Geralmente crio escutando música e após estar relaxado, tento não pensar nos problemas. É como um refúgio, e que quando eu acho que ficou bom, me sinto muito recompensado, mas também tem as decepções e aí tem que saber lidar com elas.
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Todo desenhista é notívago. Você é adepto da noite ou foge da regra?
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Não, já fui mais, porém hoje em dia só saio se realmente vale à pena, como por exemplo, o show do Wander Wildner em Venâncio dia desses; aí vale à pena.


Para você, qual o seu papel na sociedade enquanto desenhista que trabalha o imaginário das pessoas?
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Não penso muito nisso, apenas faço ilustrações que refletem as minhas influências. A sociedade não anda com muito tempo para mim (risos). Brincadeiras à parte, tem um nicho que gosta do trabalho underground, geralmente compostas por músicos de bandas de rock, e alguns são meus clientes. Já fiz trabalhos para bandas como Hibria, de Porto Alegre e que no mês de maio lançou o CD “The Skull Collectors” e está entre os 5 mais vendidos no Japão (ainda não tem previsão para ser lançado no Brasil - isso é underground, tu tem que ir onde está o mercado e não tentar mudá-lo). E outra banda que promete estourar é a carioca Madame Machado.

Projetos? Planos para o futuro?
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Eu tenho um projeto que já saiu do papel que é a minha marca de camisetas a SUBVERSIVA UNDERGROUND (marca registrada), mas que no momento está hibernando... Planos para o futuro, reativar a SUBVERSIVA.


Suas armas: Stadler 0.9, nanquim todos os calibres, scanner, PC + meu blog.
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Sua bagagem: 15 anos na área gráfica, superior em Desenho Industrial pela UFSM e 34 de persistência.
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Uma idéia que não sai da cabeça: Viver do desenho.
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Quem faria o seu papel no cinema: Sean Penn
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Uma frase famosa que você gostaria de ter dito: ”A terra é azul!” (Yuri Gagarin, cosmonauta russo).
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Uma frase famosa que você jamais teria dito: “Queimem as bruxas!” (sei lá... alguém na Santa Inquisição, Cruzadas, idade media...)
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Quem você esqueceria numa ilha deserta: Todas as pessoas que são indiferentes para os problemas que atingem a maioria.
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Você se imagina aposentado? Sim!!! Com tempo para produzir muito!!
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Um personagem: Rat Fink
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Uma pessoa real: Minha Mãe, Dona Selanira Machado.
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Quem você gostaria de desenhar? Ed. Big Daddy!
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Quem você não desenharia nem que te pagassem? XUXA
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Uma bebida: Jack Daniels (mas hoje em dia bebo mais Coca Cola)
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Um som: Way Beyond Empty, Zakk Wylde.
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O Artis agradece a colaboração do Alexandre e toda a atenção que dedicou a nossa equipe. Particularmente para mim foi um grande prazer conhecer um pouco mais desse cara gente fina e talentoso que, ao som de “Aces of Spades” (que rola no blog dele) lembrou minhas próprias origens no underground. No próximo número do Artis traremos mais uma fera para vocês Queimando Grafite.
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