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JORNAL ARTIS Nº 3 – PÁGINA 05


Esse cara é bastante jovem, mas tem muita história pra contar e também muita bagagem, Junior Soares é coreógrafo há 14 anos. Começou sua carreira no Rio de Janeiro e estudou e trabalhou como coreógrafo por lá, em São Paulo, Santa Catarina, Argentina, Uruguai e aqui Rio Grande do Sul. Foi treinador da seleção brasileira de Hip Hop –LIBRAF- (na qual foi medalha de ouro no campeonato sul-americano), e coreografou a seleção gaúcha de street dance. Em seu currículo também estão alguns anos como professor e instrutor de dança (rede Marista, Escola Educar-se, Ulbra, Unisc e IPA), a novela Malhação (Rede Globo) e coreografias de comissões de frente e carros alegóricos do carnaval de Porto Alegre e do Rio. Em sua parede estão mais de 90 prêmios como campeão em festivais nacionais e internacionais de dança.

Assim como o dançarino Pierre Dulaine (cuja história foi contada no filme “Vem dançar” - Take the Lead) esse carioca há mais de 16 anos no sul do país também acredita que a dança e a arte podem ser grandes mecanismos de transformação da sociedade; ele foi um dos pioneiros em levar o hip hop dance para dentro da academias e outros espaços como televisões e campanhas publicitárias. Com essa idéia criou um projeto onde a Dança de Rua como Forma de Inserção Social trazendo para as academias e escolas particulares alunos da periferia, dando à eles novas oportunidades, desafios e perspectivas, algo que ele mantém até hoje em seu estúdio aqui em Santa Cruz, o JEF’s. “Projeto social para mim é importantíssimo, pois venho de um projeto social, fui aluno por oito anos de um projeto social no Rio de Janeiro e depois fui monitor de dança de outro, de 1999 a 2006, com 120 jovens.” – nos conta Júnior. “Em 2006 abrimos o Jef’s Stúdio e aos poucos fomos implantando o nosso lado social, no primeiro ano fizemos uma parceria com uma das pessoas mais importante do hip hop na cidade de Santa Cruz, o Sandrinho Bittencourt, ele veio a nós e criamos um projeto em que os alunos deles faziam aulas gratuitas no Jef’s e esses mesmo alunos passaram a fazer parte das equipes de competição. Alguns deles chegaram a dançar em espetáculos de dança. Em 2007 e 2008, abrimos somente 30 bolsas, mas em 2009, fizemos uma parceria a Escola Goiás e fornecemos 250 bolsas de estudos”, complementa entusiasmado.

Em muitas conversas com Júnior podemos perceber de imediato o seu profissionalismo e seu comprometimento e preocupação com a sua arte, como pode ser visto pelas suas visões sobre como Santa Cruz e o Brasil encaram a dança: “A cidade tem um grande potencial, mas infelizmente ainda tudo funciona como uma moda, as pessoas migram por curiosidade, mas não valorizam de fato a arte como uma ferramenta potencial de aprendizado ou até mesmo como uma profissão. Isso não significa que para fazer arte você precise ser profissional, mas que pelo menos possa viver uma fase da vida com algumas descobertas de valores que só a arte conduz, além, claro, do lado lúdico de vivenciar algumas situações...” explica, “parece que isso passa de geração para geração, minha mãe falava: “Dança não é futuro“, mas hoje vivo de dança, o engraçado é que até hoje escuto isso entre alunos, por isso que me preocupo; pois a arte atravessa de geração em geração com conteúdo desvalorizado. Acredito que quando algumas escolas e o governo implantarem e encararem a arte como uma ferramenta de potencialidade para formação de caráter, tudo pode se tornar mais interessante. Infelizmente o que acontece é que em muitos lugares no Brasil quem acaba ministrando oficinas ou aulas de arte (dança, teatro, etc...) são pessoas despreparadas que vem de outras áreas na qual não têm vivência e conhecimento técnico da arte como uma matéria extra curricular. Isso mostra que a valorização do profissional da arte ainda é vista em segundo plano”, complementa.

Quanto ao fato de Santa Cruz vir a se tornar um pólo artístico/cultural da região, Júnior é acredita nesse potencial, apresenta suas críticas e também faz a sua parte para isso acontecer: “Às vezes se torna espantoso, mas infelizmente o conceito e a falta de informação atrapalha um pouco o crescimento artístico de nossa cidade. A verdade é que precisamos encarar a arte como um potencial de descobertas e valores para essa nova geração, acredito muito na ferramenta arte.” O dançarino acredita muito em seu trabalho, pra ele é muito melhor as crianças e jovens fazerem arte do que estarem na rua, porém sabe que não pode atender a todos: “Só posso proporcionar isso a uma minoria, mas com certeza poderei passar valores muito legais. Como sempre digo aos meus alunos, curtam muito a vida, mas curtam com sabedoria.”
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O segundo CD do nosso querido Pedro Gaiteiro. São doze músicas de autoria do músico, com destaque para “tão Dizendo por aí” e “Poema em Oração”. Uma produção independente que tem o apoio da Academia de Música Evidências e da Itasul CD’s.

Quem quiser adquirir o trabalho do Pedro é só passar na Itasul (Tte. Coronel Brito, 644) ou entrar em contato com o artista pelo fone: (51) 9687-7284.
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