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JORNAL ARTIS Nº 3 – PÁGINA 06


Gostar de arte é uma coisa, fazer arte é outra coisa bem diferente, mas falar de arte com maestria é para poucos. E foi assim nosso encontro com o ator, músico e artista plástico Gilmar Almeida da Silveira; uma instigante viagem pelo mundo das idéias de um cara que tem uma grande bagagem e uma visão bem particular da vida e da arte.

Gilmar já foi estilista de moda, trabalhou com carnaval, organizou grandes eventos (como as aberturas das Olimpíadas Estaduais do SESI), é artista plástico (integra o Grupo Contra-Senso), ator e diretor de teatro, músico (tocou muito na noite santa-cruzense) e um dos novos integrantes do Tholl. Todas essas experiências com a arte lhe concedem uma visão privilegiada sobre o assunto, como poucos artistas conseguem ter ao participarem de apenas um dos campos das artes.

Segundo Gilmar, vontade e técnica são o que fazem um artista de verdade, “A arte é uma técnica, não adianta ter muita vontade de se expressar se você não tiver o domínio”. Quando perguntado sobre o que é a arte para ele a resposta é direta: “Arte pra mim é impulso, como comer e beber. Você nasce artista, vai morrer artista, o resto é apenas passageiro” define ele ao contar que desde a pré-escola desenhava sem parar.

O teatro entrou na história de Almeida como alternativa ao seu stress. Após uma exposição na Casa de Cultura Mário Quintana, junto com o então Grupo de Artistas Independentes (GARIN) ele estava exausto com o trabalho (Gilmar é formado em Educação Física) e, acreditem, por recomendação médica começou a fazer teatro. Graças ao seu médico pudemos ter o prazer de conhecer seus trabalhos de atuação, direção e até produção em montagens como “O Circo“. A linha de teatro que gosta é a de vanguarda, teatro de performance, que trabalha bastante o corpo. “O teatro, ao contrário da pintura, é tridimensional, você pode lidar com várias linguagens ao mesmo tempo, vídeo, dança, cinema...”. Agora com a cabeça totalmente no teatro o ator inspira-se na musa Pina Bausch (criadora da Dança teatro); nessa mescla de dança e teatro (ou teatro e dança) o que vale é a performance, a criatividade e sensibilidade de quem está no palco, “Tu fala pouco e te expressa mais, a intenção vale mais do que a fala” – nos explica. Até mesmo na pintura ele também está usando uma linha semelhante, na qual o que vale mesmo é o processo criativo e não o trabalho final, “A arte não precisa ser bonita, ela precisa te instigar e te fazer pensar” – define ele.

E viver da arte no interior do estado? Segundo o artista, da arte se sobrevive e trabalhar com escola ensinando arte é bem interessante e uma forma de sobreviver dela. “A gente sempre diz que as prefeituras não investem na arte, porque a verdade é que tu aprendes na escola que arte não é interessante. Só se trabalha a arte como apoio, não se aprende a arte propriamente dita, a arte por si própria. Usa-se ele para trabalhar o dia do gaúcho ou o dia da árvore, por exemplo. A verdade é que a arte serve como suporte para um outro conteúdo. E assim tu não pegas o gosto pela arte, na pré-escola tu paras de pintar, porque é feio pintar; então depois de muito tempo tu resolves pintar, só que tu já perdeu uma vida inteira que poderia estar pintando e passando todos aqueles processos que existem dentro da arte. Dessa forma a arte transforma-se em um mito para as pessoas.

Para Gilmar a essência da arte é a técnica, o ato de aprender e com isso exercitar todo o complexo processo da criatividade humana e descobrir seus próprios potenciais e possibilidades, basta dedicação e paixão, “O artista não pode ter medo, ele precisa fazer!”







Está em fase final de gravação A Idade da Pedra é o segundo curta-metragem do diretor venâncio-airense Sérgio Rosa (o primeiro foi 360°). Uma produção independente, feita toda na cidade de Venâncio Aires e que tem como personagem principal o crack. Uma ficção baseada na realidade da droga em nossa região, mostrando que a droga não está apenas em telejornais das capitais e, como dia a chamada do filme, está muito mais perto do que imaginamos.
O enredo envolve todas as pontas do tráfico, passando por uma quadrilha formada por empresários, policiais e pessoas do alto escalão da política e chega até as famílias que sentem na pele o problema, “Famílias desestruturadas, com ausência de valores, onde o crack é usado como fuga. E famílias estruturadas, onde o crack leva a destruição”, comenta Sérgio.
A sacada legal do filme é que ele se desenrola em tempo real, o que, garante o diretor, nos proporcionará momentos de muita ação e adrenalina. A trilha sonora fica por conta de bandas e músicos de Venâncio e o elenco é formado por atores da região e Porto Alegre.
O lançamento de “A Idade da Pedra” está previsto para 2010.



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