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JORNAL ARTIS Nº 04 - PÁGINA 01







Falar de artes plásticas em Santa Cruz e não lembrar-nos de Nelson Basumiro dos Santos é impossível, dada a importância que esse artista tem em nosso cenário cultural.

Nascido em Santa Cruz e trabalhando com pintura, desenho, charges e caricaturas há mais de vinte e oito anos, tendo passado até mesmo pelo teatro e a música “nos tempos em que a arte efervescia em Santa Cruz”, (como o próprio artista, com carinho, lembra de épocas em que os artistas tinham maior importância aqui em nossa cidade) Basumiro considera-se apenas um “pintor e não um artista”, pois esse termo remete constantemente, de forma equivocada, a muito glamour e pompa, coisa que nada tem a ver com o seu jeito de ser. Sendo assim é impossível não lembrar e comparar nosso talentosíssimo pintor a Alfredo Volpi quando, ao ser avisado em seu atelier que estava bastante atrasado para a cerimônia de entrega de um grande prêmio que recebera, exclamou naquele inconfundível sotaque italiano: “Má que! Não vê que io to trabalhano?”.

Ao fazermos a batida pergunta “quando tudo começou?” o artista explica que Sempre teve vontade de experimentar a pintura em tela, motivado por exposições que via em Porto Alegre. Mas quando estava no colegial só conhecia o desenho, basicamente com lápis de cor ou nanquim.





Conta que em Santa Cruz não havia vendas de tinta a óleo, não havia sequer exposições. Suas técnicas e estilo, pintura à óleo (sua preferida, onde executa belíssimas obras comespátulas e pincéis) e aquarela, segundo nos conta Nelson, foram criados por ele mesmo muito antes de se dedicar a estudar, de forma autodidata, antigos mestres da pintura e suas técnicas. “Não creio em influências, não me preocupo com isso, pois quando trabalho nesta área o importante é o que eu sinto. Minha liberdade de expressão é o que mais me importa”, fala o artista, descrevendo-nos um pouco da sua arte, “Faço o que gosto por imposição daquilo que vem em minha mente. "Primeiro tenho que agradar a mim, sou muito exigente comigo mesmo”, afirma ele.

Para Basumiro “Viver da arte é complicado, tem que ser malabarista”, para ele o cenário artístico, em todas as áreas, não só nas artes plásticas, não foge a regra, “Nunca houve interesse em sensibilizar e dar conhecimento as crianças nos colégios. Agora nota-se uma nova postura, existem oficinas que estão começando a movimentar estas áreas”, comenta, “Mas falta muito em comparação com outros países”, complementa o pintor, com a autoridade de quem conhece nossa comunidade artística há muito tempo.





Sobre o papel da sua arte na sociedade o pintor diz que o seu trabalho sempre foi bem visto, que procura transmitir a paz que muitos buscam neste mundo conturbado, “Isso me agrada muito, a satisfação das pessoas vale mais que prêmios”, diz o artista, uma pessoa bastante espiritualizada e humanista.



Encerrando nossa entrevista não podemos deixar de aproveitar a oportunidade de pedirmos dicas àqueles que estão começando ou se interessando pela mesma, como Nelson também fez um dia, “Para quem esta iniciando, primeiramente é gostar, ser persistente, fazer sua arte paralelamente ao trabalho que tenha, até conseguir se profissionalizar nela. A arte é uma válvula de escape, estabiliza o emocional, é antídoto contra a depressão”, uma dica muito preciosa, vinda de quem vem.