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JORNAL ARTIS Nº 04 - PÁGINA 03

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Uma das marcas da nova gestão da Secretaria de Estado da Cultura (SEDAC) foi colocar na direção de seus institutos pessoas diretamente ligadas a cultura e a produção artística. E além de artistas reconhecidos em suas áreas, todos também são conhecidos pelo seu envolvimento e trabalho na área das políticas públicas culturais.


Seguindo essa lógica, quem está à frente do Instituto Estadual das Artes Cênicas (IEACEN) é o cineasta e também fundador e diretor do grupo teatral Falos & Stercus, Marcelo Restori, que em entrevista para o ARTIS falou um pouco sobre os projetos para o teatro nos próximos quatro anos.

Para Restori, que conhece muito bem a realidade do estado e país (por onde circulou com o Falos & Stercus), a primeira coisa a se fazer para retomar a produção das artes cênicas no Rio Grande do Sul é a criação de um grande corredor cultural que possibilite a circulação das produções por todo o estado. Para que isso seja possível na prática o carro chefe dos projetos de Restori, do IEACEN e da SEDAC são os Galpões Culturais ou Pontos Cênicos que, segundo Marcelo, “Visam utilizar os espaços ociosos do estado para criar um corredor cultural múltiplo que possibilite a circulação da diversidade de linguagens e estéticas culturais pelo estado do Rio Grande do Sul. A arquitetura desses espaços deve ser moldável como a de um galpão para abrigar tanto espetáculos teatrais como shows musicais, feiras do livro, mostras de cinema, mostras de artes plásticas, festas, etc. Um espaço com capacidade de manter uma programação cultural contínua e diversificada com potencialidade em tornar-se ponto de referência em sua comunidade e região”.


Uma das grandes preocupações que os artistas têm quando o poder público fala desses projetos é de que a administração dos mesmos acaba sempre na mão de entidades ou prefeituras cujas motivações passam longe de serem culturais e muito menos têm compromisso com a arte e os artistas. Como artista que batalha ha muito tempo e já viveu o outro lado (portanto, sabe dessa realidade que deu fim a muitos projetos semelhantes), Restori apresenta uma solução para esse problema: “Os galpões culturais também necessitam de uma administração favorável e especifica, comprometida com o desenvolvimento e a difusão dessa cultura múltipla, por isso a proposta é criar um edital de concessão em forma de comodato para que esses espaços sejam administrados por grupos ou coletivos de grupos de trabalho continuado, das áreas do teatro, dança e circo”, explica. “Os grupos também têm de estar dispostos a cumprir metas como realizadores e administradores de um espaço diferenciado e múltiplo por onde passe sua produção e outras produções diversas, com a intenção de viabilizar um corredor cultural que propicie acesso à população, inclusive a de baixa renda”, ressalta o diretor do IEACEN. Marcelo também lembra que é importante associar esse processo a uma estrutura de aprimoramento artístico por parte dos grupos e o comprometimento com a multiplicação desses conhecimentos através de oficinas e residências a novos grupos e a população, pois este processo como um todo visa uma dinâmica de movimentos internos e externos que pretendem impulsionar o movimento cultural do estado como exercício de cidadania, “Pois a arte só se estabelece em efervescência”, aponta.


Esse é um de muitos projetos que o IEACEN e a SEDAC esperam iniciar ainda esse ano, cumprindo as interessantes propostas de democratização e descentralização da cultura, projetos esses que, muito além de políticas de governo, trata-se de projetos de política de estado, como nos fala Marcelo Restori finalizando nossa entrevista: “É um projeto que investe na preservação do bem cultural material e imaterial do estado, buscando recolocar a cultura do Rio Grande do Sul em efervescência e no caminho do enriquecimento do imaginário da sociedade, criando raízes para além do nosso tempo e construindo uma sociedade rica em criatividade e experimentações e, por isso, diferenciada e inclusiva, pois a arte opera por fronteiras intangíveis, a fim de instituir-se no domínio mais amplo da experiência humana e no processo de construção da identidade.”


Até o final desse governo IEACEN e SEDAC pretendem construir cinquenta galpões culturais em todo o estado. Santa Cruz do Sul, por ter um movimento artístico bastante organizado está inclusa nesse corredor cultural a ser aberto ainda esse ano e muito provavelmente será uma das primeiras cidades do estado a ter o seu Galpão Cultural administrado por artistas, com os quais o IEACEN vem mantendo diálogo desde o início do ano. Trata-se de uma prova que o movimento artístico de nossa cidade que iniciou em 2008 com o Fórum da Cultura tem dado frutos reais e e a prova disso é o seu reconhecimento no estado todo.









“Acho que é jogar aquilo que temos dentro de nós para fora, sejam alegrias ou tristezas.”

RAFAEL KOEHLER
Músico





“O artista, com seu poder de criação, não só nos mostra suas habilidades, mas também influencia os gostos das pessoas em relação à música, à literatura, às artes, etc. Suas ideias, colocadas sejam nas páginas de um livro, na letra de uma música ou nos traços de um quadro, levam o imaginário popular a refletir sobre variados temas. É um propagador da cultura, do livre pensamento e do conhecimento.”

MÁRCIO SCHEIBLER
Escritor







“O artista tem, independente da sua área de atuação, tem a nobre missão de levar liberdade aos cativos, acordar os que dormem, chorar com os que choram, e o mais difícil, se alegrar com os que se alegram. Enfim, ser Luz.”

OGLACIR RODRIGUES (Palhaço Kico)
Artista circense







“O artista, seja poeta, escritor, escultor, cantor, músico, pintor... na sua apurada sensibilidade, consegue, através do seu fazer artístico, materializar o que há de mais belo, de mais puro na natureza humana. O papel do artista na sociedade é retratar o que o ser humano tem de melhor e, ao expor sua obra, ele proporciona a introspecção para o acerto de valores morais e éticos, a inclusão para a melhoria da qualidade de vida e a educação para a promoção da Paz.”


ISABEL CRISTINA FERREIRA
Especializada em Ecopedagogia ,
Pós graduada em Gestão Cultural