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JORNAL ARTIS Nº 02 - PÁGINA 08



Um artista busca expressar-se, mostrar sua essência, entregar-se de corpo e alma em seus trabalhos. Foi nessa procura que Lu Hoppe encontrou as danças contemporâneas (como ela costuma se refere à dança contemporânea, que, segundo ela, são muitas danças diferentes). Nascida em Santa Cruz, desde criança Luciana esteve ligada à dança, praticava balé clássico, mais tarde ao ingressar na UNISC, onde se formou em psicologia, conheceu o Corpo de Dança da universidade, do qual fez parte por algum tempo. No período em que esteve com o grupo Luciana começou a sentir necessidade de algo a mais na dança, segundo ela “o Balé, assim como o Jazz e outras danças, te dão passos prontos não permitindo ao bailarino criação, e o bailarino acaba se transformando em um depósito de técnicas”. Já na dança contemporânea Lu conseguiu encontrar o espaço que estava faltando para de fato expressar-se e libertar seu corpo e criatividade através da dança. Lu segue um estilo dentro das danças contemporâneas chamado “dança-teatro”, ao qual ela nos definiu da seguinte forma: “Esse estilo, apesar do nome, não é a mistura de dança com teatro. Busca um clima e trabalha improvisação, a construção a partir do corpo, a expressão de dentro para fora, o corpo em cena, o corpo é todo o movimento e expressão”.

Lu graduou-se em dança Licenciatura em janeiro deste ano na UERGS de Monte Negro. Segundo a bailarina, é fundamental, sempre que possível, adquirir conhecimento e informações, Lu busca estar sempre bem informada a respeito da dança, para não cair no erro de achar que sabe tudo ou pensar que o que faz é diferente de tudo o que já existe. “Precisamos de referências, tudo na arte já foi feito, o que é diferente é o teu olhar sobre”, complementa. Um dos principais motivos que fez com que Lu Hoppe saísse de Santa Cruz do Sul foi a falta de respeito ao trabalho dos artistas, respeitá-los enquanto profissionais que, assim como outros, têm em seu trabalho sua fonte de sobrevivência. O voluntariado, muitas vezes sem saber, e a falta de ter um valor mínimo (organização da categoria) para que sejam realizados os trabalhos relacionados à dança dificulta o caminho para aqueles que sonham em viver de sua arte e que batalham para isso. Lu comenta que em Porto Alegre, onde atualmente realiza seus trabalhos, nada é perfeito, mas existe uma situação melhor que a daqui. Quanto à recepção da dança contemporânea aqui no Rio Grande do Sul, Lu diz não ser tão bem encarada e que o estado sofre pela falta de atualização, por ser situado no “pé do mundo” (longe do eixo Rio/São Paulo) muitas pessoas ainda têm uma visão provinciana e antiquada a respeito da dança, e a dança contemporânea foge do convencional, trabalha com a inteligência. Os novos trabalhos de Lu Hoppe incluem a produção de performances e vídeos, como “Hidra”, que estréia em novembro e tem a direção de Iria Isabel Barcelos.



Lu Hoppe
POR ONDE ANDEI...

Exeunt Ophélia Bis (2005) - Direção Iria Isabel Barcellos E Ensemble Cênico

Mesma Coisa (2005) - Grupo De Risco

Reconhece (2006) Grupo De Risco

Outros Quintanas (2007)- Grupo De Risco

In/Compatível (2007) - Eduardo Severino Cia. De Dança

Tema Para Vinho E Serpente (2007) - Grupo De Risco

Folias Felinianas (2007/2008) - Grupo Experimental De Dança De Porto Alegre

Bundaflor Bundamor (2008) - Eduardo Severino Cia De Dança

Um Corpo Visível "Entre" Espelhos (2008/2009) - Trabalho Solo

Vídeo Dança estreado no Chile esse ano chamado “Manuales, por Luciana Hoppe” pode ser visto no site: