__________________________________________________________

JORNAL ARTIS Nº 02 - PÁGINA 09


Quando comecei a ler quadrinhos e apreciar desenho sempre imaginei que grandes artistas só se encontravam nos EUA, ou em São Paulo e Rio, mas o santa-cruzense Luiz André Rodrigues mostra que perto de nós também existe talento e profissionalismo pra dar inveja a muito yanke. E é com esse cara humilde e cheio de criatividade que o Artis conversa agora.

Tu sempre trabalhaste como desenhista ou nessa área de design? Profissionalmente o que tu faz?

Sim, acabei tendo sorte, quando eu tinha por volta de uns 14 anos de idade, acabei fazendo trabalhando como desenhista para uma importante agência de Santa Cruz na época, a Alto-Falante, naquela época nem se usava o computador era tudo “no braço”, depois de um tempo fui substituído pelos clip-arts do Corel, que eram novidades na época. Durante um tempo fiquei somente desenhando como hobby, algumas vezes fiz testes para desenhar quadrinhos para Marvel ou DC nos EUA, mais nunca fui aceito. Por volta de 95, eu aprendi a usar programas gráficos e juntamente com alguns amigos montei uma agência de fundo de quintal e nessa época conheci muita gente (profissional) que me ensinou muito, em 99 entrei para a Unisc a dai pra frente passei por algumas agências e empresas trabalhando sempre com criação e ilustração, entre elas a Propagare, Pitt, D-Sign e Signifiq. Hoje trabalho na área de design de embalagem em uma Multinacional, e quando sobra um tempo de desenhista em minha casa.



Tuas influências também são dos quadrinhos. Mais especificamente quais são os desenhistas que te influenciam mais?

Todo o Meu aprendizado veio dos quadrinhos, sempre gostei e ainda gosto muito, acho que os quadrinhos, apesar de; a primeira vista parecer um entretenimento infanto-juvenil é um meio de comunicação muito rico de idéias inovadoras e criativas e por muitas vezes aborda questões filosóficas profundas. Os artistas que mais me influenciaram em termos de arte gráfica foram, sem sombra de dúvida, Will Eysner, Frank Muller, e principalmente Tood McFarlene e Greg Cappullo. Durante boa parte da minha juventude fui influenciado principalmente pelos dois últimos, Mais nos dia de hoje tenho uma variedade bem mais ampla de influências, e costumo buscar sempre coisas novas alguns bons artistas que tenho acompanhado bastante são: Adan Fords, Francis Valelejo, Joel Adams, Andrers Lazaret, Luiz Royo e Victória Francês, para citar alguns que recomendo.


Até pouco tempo atrás o desenho não era tido como arte para galerias, em Santa Cruz mesmo tu foste um dos primeiros a expor desenhos, como tu encaras isso? Acha que a coisa está mudando?

Nunca tive a pretensão de ser pioneiro nisso, sempre encarei o desenho como uma forma de arte e se de alguma forma eu contribui para a abertura neste tipo de trabalho fico feliz por ter contribuído com algo na arte local. Acho que cenário artístico esta muito mais amplo tudo hoje em dia é mais acessível e acho que isso deve contribuir para a arte também, espero que em um futuro próximo um desenho tenha o mesmo valor artístico que um acrílico.

Como foi a receptividade do público em relação ao teu trabalho?

Pelo que vi nesse pouco tempo que tenho de estrada foi muito boa à recepção, tive muito apóio para expor meu trabalho, coisa que há dois anos atrás eu nunca havia cogitado fazer. Mais acho que ainda tenho muito trabalho pela frente meu trabalho ainda está amadurecendo e acredito que sempre será assim, o dia em que eu ficar satisfeito com o meu trabalho estarei no caminho errado.

Tu és um dos fundadores do Grupo de Artistas Contra-Senso, como você encara essa experiência, de estar em meio aos mais variados estilos e concepções de arte?

Bem quando o Contra-Senso iniciou, acho que não tínhamos a ambição de tornar o grupo uma referência tão grande, a idéia era apenas reunir alguns artistas de várias áreas e debater sobre arte, mais a coisa cresceu e assumiu um papel importante no cenário local. Acho que isso aconteceu talvez porque a cidade precisasse de um movimento assim, hoje tenho a honra de compartilhar espaço com nomes já firmados na área como o Duda e o Nelson além de muitos outros, todos com uma experiência de anos de estrada e para falar a verdade me sinto honrado em compartilhar idéias com um grupo que reúne tanto talento e experiência. Mais acho que a idéia é essa mesmo, o grupo esta bem unido e formado com grandes idéias e a união de gente nova com o pessoal de mais experiência somente faz bem, pois proporciona uma troca sempre saudável.

Você imagina que tem mercado para o desenho artístico?

Eu acho que sim, a pop arte abriu espaço para os mais variados estilos, temos os mais variados públicos hoje os estilos se misturam, temos espaço para o clássico e para o moderno, para o acadêmico e para o expressionismo, o desenho artístico nada mais é que uma outra opção de manifestação artística.





“Agonia” é o teu trabalho que mais chama a atenção do publico. Ele é também o teu preferido? Esse desenho tem alguma história de como ele surgiu?

Não sei se é o que mais chama a atenção do público, espero que sim, gosto muito dele, não sei explicar exatamente o motivo disso, ele ficou graficamente equilibrado e causa espanto. Quando o fiz ele não tinha a pretensão de ser exatamente um quadro e sim um rascunho, tanto que já foi considerado como um mero estudo e não um quadro, no fim acabei por fazer uma experiência com aquarela e o vermelho deu um ótimo contraste com a cor do grafite. A idéia surgiu depois de um jantar onde eu encontrei um rapaz com uma especialidade visual que o obrigava a usar uma lente de aumento no lugar de óculos, aquilo me fez pensar em como isso seria para mim, quando cheguei em casa fiz o esboço e acabou como ficou, quem diria que depois de algum tempo eu conheceria um grande artista plástico como você (Joe Nunes) que também possui uma especialidade visual e que apesar disso é um artista plástico além de um ator, provando que a capacidade do ser humano é surpreendente quando se tem força de vontade. Talvez por isso eu goste tanto desse desenho.






Suas armas: Um bloco de papel um lápis 6b e uma idéia na cabeça.

Sua bagagem: 15 anos de experiência na área gráfica e de design. Curso de Publicidade e Propaganda na Unisc. (ainda em andamento, conforme sobra grana o curso vai avançando).

Uma idéia que não sai da cabeça: Viajar o mundo a pé, carregando alguns livros alguns “gibis”, um bloco de desenho e um lápis.

Quem faria seu papel no cinema? Não acho que perderiam tempo fazendo um filme sobre minha vida.

Uma frase famosa que você gostaria de ter dito: “Quem vigia o vigilante?”

Uma frase famosa que você jamais teria dito: “Independência ou Morte!”, isso porque na verdade acho que nossa independência foi uma grande mentira.

Quem você esqueceria numa ilha deserta? A Raça humana, o mundo estaria bem melhor sem ela!


Você se imagina aposentado? Sim, Grisalho, Barbudo e Cabeludo fumando cachimbo, igual ao Gandalf.
.
Um personagem: Wolverine
.
Uma pessoa real: Meus pais
.
Quem você gostaria de desenhar? Chê Guevara
.
Uma bebida: Tequila
.
Um som: Sinos
..